sábado, 29 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - O SIMBOLISMO DE UMA CONQUISTA

Viagens de nossos clubes ao redor do planeta e desempenhos brilhantes e vitoriosos da Seleção Nacional em Copas do Mundo fizeram o Brasil ser conhecido por todos como o país onde se joga bonito o futebol. Mas nos últimos anos, é a Espanha quem ocupa o posto de representante mais fiel do denominado futebol-arte, aquele que o saudoso Armando Nogueira definiu como “intuição, invenção, delicadeza no trato com a bola, requinte e refinamento do esporte”. E nenhum simbolismo seria mais marcante deste atual momento espanhol do que uma vitória sobre o Brasil em pleno Maracanã.

Sim, amigos, quando a Espanha estiver enfileirada para escutar o seu hino nacional no antigo Maior do Mundo, Xavi, Iniesta e companhia estarão a pensar, rodeados por mais de 70 mil brasileiros: “temos aqui uma magnífica oportunidade de nos eternizar ainda mais como símbolos do futebol-arte”.

Até o momento, a vitoriosa história espanhola de duas Eurocopas e um Mundial foi escrita em estádios como o Ernst-Happel (Viena – Suiça), Soccer City (Joanesburgo – África do Sul) e Estádio Nacional (Kiev – Ucrânia). Vale deixar claro que não existe aqui nenhuma tentativa de minimizar fase de sonhos vivida pela Fúria por conta dos países que sediaram suas conquistas. O objetivo é tão e somente valorizar que, neste momento, a mais espetacular equipe nacional dos últimos anos pode incluir na sua áurea galeria um título conquistado no Maracanã, o templo sagrado do futebol-arte. E mais: contra o Brasil, que desde que o futebol moderno nasceu na Inglaterra, há mais de 150 anos, foi quem mais tratou este esporte como espetáculo.


Simbolicamente, mesmo que a Copa das Confederações seja menos valiosa que a Eurocopa e a Copa do Mundo – e põe menos nisso –, esta que é disputada no Brasil ganhou contornos que a tornaram, no mínimo, aquela com a final mais aguardada de todas suas edições. E muito porque nela, a Espanha pode escrever não só mais uma página de seu cada dia mais brilhante livro, mas também do livro que conta a história do futebol mundial. Pois se não é sempre que se toma do Brasil o posto de representante do futebol-arte, mais raro ainda é ter a chance de se solidificar nesta posição em um embate contra o próprio Brasil, no Maracanã. 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - SEMIFINAL - ESPANHA X ITÁLIA

Espanha 0 (7) x (6) 0 Itália – Castelão, Fortaleza (CE)

Uma equipe vencedora, campeã, multicampeã, floresce dos mais diferentes tipos de vitória. Inclusive –e diria principalmente – daquelas vitórias contra adversários fortes que jogaram no limite de sua capacidade. Exatamente como conseguiu a gigante Espanha diante da Itália, na semifinal da Copa das Confederações. Mas por a Fúria não ter estado em um dos seus mais inspirados dias, e a Itália ter jogado tudo o que sabia, as próximas linhas serão dedicadas à Squadra Azzurra.

O primeiro tempo italiano em Fortaleza só não foi perfeito pela incapacidade de superar o goleiro Casillas. Fora isso, todas as estruturas essenciais para um desempenho completo a Itália demonstrou no mais alto nível. Fisicamente, nomes como Maggio, De Rossi, Candreva e Giaccherini foram de um vigor incomum para quem está em fim de temporada. Taticamente, as variações do 3-4-2-1 para o 5-4-1 ocorriam com a mesma naturalidade em que se alternavam um posicionamento compacto atrás da linha da bola e uma forte marcação pressão – que, acreditem, obrigava a Espanha a se utilizar de chutões. Psicologicamente, toda a Itália estava integralmente focada na partida, e nenhuma movimentação espanhola ocorria sem sua percepção. Por fim, e igualmente importante às outras três estruturas, tecnicamente todos os italianos marcaram e jogaram de maneira refinada, com um repertório que incluía roubadas de bola, antecipações, passes curtos, lançamentos – que Pirlo e De Rossi fazem como poucos –, jogadas pelo flanco – os alas Maggio e Giaccherini foram os mais perigosos do time– infiltrações pelo meio...

Foi assim que a Azzurra anulou a Espanha por 45 minutos e criou nada menos do que seis “melhores momentos”. Após o intervalo, os cansaços físico – jogar às quatro da tarde em Fortaleza não é mole para um europeu – e psicológico – tampouco o é a concentração ininterrupta em uma estratégia – fizeram a Itália diminuir a intensidade. E a cada minuto que passava, até o fim da prorrogação, a queda nos rendimentos corporal e mental dos italianos fez com que a técnica da Roja ganhasse mais espaço no confronto e a prorrogação terminasse com os espanhóis mais próximos da vitória. Vitória que, no entanto, viria somente nas penalidades.


É visível, por parte da mídia e dos torcedores, um certo menosprezo ao estilo de jogo adotado pelos italianos. Principalmente pelos olhos que só enxergam o que ficou convencionado como futebol-arte. Os comentários dão a entender que é fácil imitar o que fizeram os comandados de Cesare Prandelli, quando, na verdade, a excelência neste estilo é tão difícil quanto em qualquer outro. A excelência em um estilo de jogo exige a ausência de buracos em cada uma das quatro estruturas, e esta Itália ainda não possui excelência no estilo que adota. Foi a queda nos rendimentos físico e psicológico após o intervalo, com consequentes abalos tático e técnico – como Pirlo exibiria sua técnica se nem sequer conseguia trotar em campo? – que impediu a Azzurra de repetir o excepcional primeiro tempo. E aí que a Espanha renasceu...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - SEMIFINAL - BRASIL X URUGUAI

Brasil 2 x 1 Uruguai – Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Em clássico onde a tensão e o nervosismo foram protagonistas – como quase todo Brasil versus Uruguai – gols de Fred e Paulinho colocam o a Seleção na decisão da Copa das Confederações.

Sem desfalques por lesão ou suspensão, Felipão pôde mandar a campo seu time ideal. Assim, o Brasil foi para o jogo com no 4-2-3-1: Julio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo e Paulinho; Hulk, Oscar e Neymar; Fred. Com nove nomes que estiveram na última Copa do Mundo, o Uruguai foi montado pelo Óscar Tabárez no 4-3-3 com: Muslera; Maxi Pereira, Lugano, Godín e Cáceres; Arévalo Ríos, Álvaro González e Cristian Rodríguez; Forlán, Cavani e Luis Suárez.

Talvez por respeito à rivalidade, o Brasil não iniciou a partida com a blitz que caracterizou suas últimas atuações. Pelo contrário. Tímido, viu o Uruguai impor uma forte marcação no meio-campo e só não abrir o placar porque Julio César, aos 13, voou no canto para buscar um pênalti batido por Forlán. Difícil saber quem exalava mais nervosismo: David Luiz, ao agarrar Lugano dentro da área como se fosse um judoca, ou Forlán, cujo rosto antes da cobrança era o símbolo da tensão. O Brasil realmente não estava à vontade em campo e nem mesmo o pênalti defendido o ligou. Num cenário onde os canarinhos trocavam passes inférteis e os celestes aguardavam a chance para o bote letal, veio a luz da criatividade no Brasil: Paulinho lançou, Neymar dominou magistralmente no peito e finalizou para defesa de Muslera. No rebote, Fred “pegou” os uruguaios. Um a zero.

Aí, depois de 15 minutos no vestiário arquitetando como se deveria jogar com a vantagem, David Luiz, por excesso de grosseria, e Thiago Silva, por falta de grosseria, bobearam no meio da área e Cavani igualou tudo logo aos 2. Um parêntese sobre Thiago Silva e Cavani. Enquanto o zagueiro brasileiro, desligado e sem vibração, fez uma de suas piores partidas com a camisa da Seleção, o avante uruguaio deixou a alma em campo. Nem mesmo o leão Lugano se entregou mais que ele. Com o um a um no placar e todo o segundo tempo por jogar, o Brasil seguiu com a bola, mas sem inspiração, enquanto o Uruguai se defendia com unhas e dentes e aguardava uma oportunidade pegar o rival de calças arriadas. Na busca por mais vivacidade, Felipão lançou Bernard e Hernanes. O Brasil cresceu, mas não o suficiente para assustar o arqueiro Muslera.

A Celeste, que jogava por uma bola para decidir, teve duas: primeiro Thiago Silva quase marcou contra e, depois, o incansável Cavani mandou para fora. Quando a prorrogação já batia na porta, Neymar cobrou escanteio e Paulinho, o volante-artilheiro-decisivo, aproveitou dormida de Cáceres para colocar o Brasil na decisão da Copa das Confederações. Se inegavelmente esta foi uma atuação inferior às anteriores, vale lembrar que um time vencedor também se constrói com triunfos sem inspiração. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

ESQUEÇAM OS NÚMEROS! VIVA O TAITI!

Se o bíblico embate entre Davi e Golias tivesse ocorrido em um estádio brasileiro, todo o apoio dos presentes estaria com Davi. Invariavelmente o torcedor brasileiro estabelece uma empatia com o que aparenta maior fragilidade. Ou, no mais extremo, com aquele que sabidamente será derrotado. Um exemplo fiel, como escreveu o jornalista Sandro Moreira, ocorreu em 1982, quando os brasileiros presentes à Espanha para acompanhar a Copa do Mundo foram a uma tradicional tourada e, para espanto dos espanhóis, torceram ensandecidamente pelo touro.

E assim também foi durante a campanha do Taiti na Copa das Confederações. Todos sabiam que os carismáticos goleiros taitianos se cansariam de buscar bolas no fundo das redes. Mas não importava. No Mineirão, no Maracanã, na Arena Pernambuco, na televisão de bares e lares, independentemente do adversário, o apoio brasileiro era total. E a interação entre torcida e Seleção Taitiana se tornou ainda mais forte porque os jogadores – todos amadores, com exceção do meio-campista Vahirua – demonstravam em campo uma vontade enorme de fazer o melhor. De “jogar com o coração”, como pedia o treinador, Eddy Etaeta.

Os que não viam o Taiti em campo exclamavam diante dos placares elásticos. Principalmente as mulheres, sempre mais doces: “Tadinhos... Seria melhor nem ter viajado...”. Um enorme engano. Quem assistiu aos jogos taitianos saiu com a sensação de que eles estavam tão felizes com os aplausos e incentivos vindos das arquibancadas que, se possível, jogariam um terceiro tempo, quarto tempo, quinto tempo... Eles queriam absorver cada segundo daquela experiência maravilhosa dos aplausos num país que respira futebol.


Para os que apenas olham a tabela, o Taiti termina a Copa das Confederações com um saldo total de 24 gols sofridos e apenas um marcado, além de levar um 10 a 0 que iguala a maior derrota já sofrida em sua história e é a mais acachapante goleada já ocorrida em um torneio organizado pela FIFA. Isto para quem se agarra a frieza dos números, pois quem acompanhou os aplausos dos mais de 110 mil presentes aos três jogos, a alegria incontrolável diante do gol marcado contra a Nigéria, os gritos de “Olé!” nas trocas de passes, os berros de “expulsa” diante de uma falta dura sofrida – principalmente pelo veloz e arisco Chong Hue –, os pênaltis perdidos por Espanha e Uruguai, a volta olímpica na Arena Pernambuco com bandeiras brasileiras e a faixa escrita “Obrigado, Brasil”... aquele que presenciou estes momentos sabe que poucos presentes à Copa das Confederações têm mais motivos para sorrir do que os taitianos.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

FUTEBOL É ARTE

Durante a I Guerra Mundial, o brasileiro Sergio Milliet (1888-1966) estudou ciências econômicas e sociais em Genebra, na Suíça. De volta ao Brasil, participou da Semana de Arte Moderna de 22 e tornou-se um incentivador das ideias artísticas e literárias divulgadas pelos modernistas. Novamente na Europa, desta vez em Paris, absorveu o que de mais atual ocorria por lá no mundo da arte, para enfim regressar definitivamente ao Brasil em 1925. Tamanho suporte cultural adquirido o permitiu manter contatos com nomes maiúsculos da história mundial do século XX como o artista Picasso e o antropólogo Claude Lévi-Strauss. Dentre seu legado material para o Brasil, ficaram valiosas obras nas áreas de crítica de arte, poesia, literatura, sociologia e pintura. Nesta última, o futebol foi uma de suas fontes de inspiração.


















Futebol - Sérgio Milliet (nos anos 50)
Óleo sobre tela – 50 cm x 61cm 

domingo, 23 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - DUELOS DE GIGANTES

SEMIFINAIS
Brasil x Uruguai - Mineirão (MG)
Espanha x Itália - Castelão (CE)

A Copa das Confederações caprichou nos embates semifinais. Brasil versus Uruguai. Espanha versus Itália. Clássicos continentais que colocarão em disputa tradição, história, estilos de jogo e craques do mais alto nível.

O Brasil de Felipão conseguiu um avanço imenso na primeira fase do torneio. Não tanto na qualidade de jogo, mas na formação como time. Hoje, o torcedor sabe escalar a Seleção do goleiro ao ponta-esquerda. E que ponta-esquerda! Neymar está esplêndido com a camisa dez às costas. Detona os rivais com plasticidade e é a fonte de criatividade de um time que se organiza jogo após jogo. Um time que transforma o hino nacional em combustível para uma blitz nos primeiros minutos e já esboça uma interessante marcação pressão, mas que ainda peca muito na hora de tomar as rédeas do jogo quando à frente no placar.

E se existe um adversário que não se assusta ao olhar as cinco estrelas sobre o escudo brasileiro este é o Uruguai. Garra, vontade e dedicação são palavras que estão escritas em letras garrafais no dicionário celeste. É na base da entrega que eles tentam superar as dificuldades de uma defesa lenta e violenta e de um meio-campo que mais transpira que inspira. Assim eles buscam fazer a bola chegar a Luís Suárez, Cavani e Forlán, nomes que precisam de pouco tempo e espaço para mudar o rumo de um jogo.

Do clássico sul-americano para o europeu, outro duelo de gigantes. A Espanha parece sedenta por incluir no já glorioso currículo um título no mundialmente conhecido como país do futebol-arte. Já faz uns anos que a Fúria supera seus adversários em todos os quesitos: técnico – Iniesta, por exemplo, já poderia abrir uma galeria de arte com suas jogadas; físico – se necessário, os espanhóis mantêm a mesma intensidade durante os 90 minutos; psicológico – diante da Espanha, qualquer time parece entrar em campo pensando o que fazer para não perder, nunca em como ganhar; tático – o repertório é vasto e inclui marcação pressão, troca de passes ad infinitum, liberdade aos homens de frente...

Mas a “Azzurra” quer vingança pelo quatro a zero sofrido na final da Eurocopa 2012. E, acreditem, o sentimento de vingança se torna algo positivo para um time como este italiano, que já mostrou contra Japão e Brasil que não vai se entregar diante das adversidades. É verdade que o sistema defensivo como um todo – até tu, Buffon? – tem deixado a desejar, mas o meio-campo e o ataque azuis são formados por jogadores que mesclam força e técnica, dedicação e criatividade, dureza e refino. De Rossi, Montolivo, Marchiso e Giaccherini são assim, enquanto Pirlo e Balotelli (se os problemas físicos permitirem) são aqueles de quem tudo se espera. E ambos parecem estar adorando os gramados brasileiros, principalmente o intempestivo avante, cada dia mais essencial a sua equipe.

Amigos, esqueçam tudo que já ouviram sobre a Copa das Confederações ser um torneio preparatório para o Mundial. A hora é de a cobra fumar charuto cubano. Todos querem o caneco e vão lutar com todas as forças para consegui-lo. 


sábado, 22 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - NADA DE TESTE!

Grupo A
Brasil 4 x 2 Itália – Fonte Nova, Salvador (BA)
Japão 1 x 2 México  Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Que embate! Tenso, nervoso, pegado e brigado, mas sem deixar de ser jogado. Brasil e Itália se doaram ao máximo e em nenhum momento tiraram o pé do acelerador por já estarem garantidos na fase semifinal. Ao fim da maiúscula vitória brasileira, muitos afirmaram ter sido o duelo um bom teste para o time de Felipão. Bom teste? Bons testes foram os amistosos contra Inglaterra e França. Este Brasil versus Itália não foi um teste, mas sim um confronto que valeu três pontos, os 100% de aproveitamento e a honra de vencer o único clássico que tem nove títulos mundiais como pano de fundo. Além da maior chance de escapar da Espanha na semifinal – lembrando que uma vitória da Nigéria não pode ser descartada, principalmente em um jogo que ocorre em Fortaleza e às 16h.

Tendo deixado claro a discordância quanto à classificação do confronto como um teste, falemos da Seleção Brasileira. Individualmente, Neymar e Fred comandaram o triunfo. Neymar segue esplêndido. Mostra sua cara nos momentos importantes, está confiante no mano a mano e perfeito nos arremates – poucos conseguem deixar Buffon estático diante de um anunciado chute a gol. Fred acabou com a zaga italiana. Por cima e por baixo. Dois gols de quem sabe muito de grande área. Já no conjunto, a blitz nos minutos iniciais e a marcação pressão foram os pontos fortes. Em ambos, méritos também para Felipão e sua comissão técnica, pois estas são atitudes que exigem bastante das estruturas tática e física de uma equipe.

A fragilidade verde-amarela que mais ficou exposta foi a incapacidade de tomar as rédeas do jogo e dar as cartas quando esteve à frente no placar – o que já havia ocorrido, em menor escala, diante de japoneses e mexicanos. O Brasil fez um a zero com Dante, nos acréscimos da etapa inicial, e, logo aos cinco minutos pós-intervalo, Giaccherini já empatava em um lance iniciado com um chutão do Buffon e que contou com linda participação de um contorcionista Balotelli. Pouco depois de Neymar recolocar o Brasil na ponta, aos 8, a Itália já voltou a encorpar. E nem mesmo o gol de Fred, aos 20, tranquilizou a Seleção. Vale ressaltar também a força e o psicológico dos italianos, dignos de John McClane, personagem interpretado por Bruce Willis na saga Duro de Matar.


Assim como ocorrera diante do Japão, a Itália absorveu o golpe de ficar dois gols atrás, respirou fundo e partiu para a pressão. Diminui com Chiellini, em lance que o juiz se embolou todo ao apitar pênalti e o ignorar em seguida, assustou muito em bolas paradas, acertou a trave com Maggio... Fez o Brasil ficar sem respirar até Fred, o dono do jogo, decretar 4 a 2, já aos 43 minutos. Uma vitória que dá moral, energia, confiança. E mostra que, enfim, temos um time. Com defeitos que precisam ser amenizados. Mas que time não os tem?  

quinta-feira, 20 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - O PLACAR

Espanha 10 x 0 Taiti - Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Os mais de 70 mil presentes ao Maracanã não estavam preocupados com o placar do confronto entre Espanha e Taiti. Talvez os que apostaram uma graninha em bolões estivessem, mas a grande maioria queria mesmo era fazer a festa com um golzinho dos simpáticos taitianos.

Quanto mais a Espanha encaçapava bolas na rede, mais o Maracanã se energizava por um gol do Taiti. A Espanha fez um, dois, três e a torcida respondeu: “Ta-i-ti!!! Ta-i-ti!!! Ta-i-ti!!!”. Quatro, cinco, seis e o Maraca uníssono gritou “Olé!” para as trocas de passes taitianas, que, diga-se de passagem, duravam alguns poucos segundos. Sete, oito, nove e “Ihhhh!!! Vamos virar, Taitiiiii!!! Vamos virar, Taitiiiii!!!”. Aí saiu o décimo gol espanhol. Na hora me veio à cabeça um Fluminense versus Goytacaz pelo Carioca de 1976. Quando a “Máquina Tricolor” de Rivellino colocou 9 a 0 no placar, os autofalantes do estádio anunciaram: “A SUDERJ informa: o marcador não tem 10”.

No exato momento em que a Espanha chegou ao gol dez, minha reação foi buscar com os olhos o placar do Maracanã para verificar se ele “ia a dez”. Olhei pra cá, pra lá e lembrei-me que não existe mais placar no estádio. E vejam que ironia: no jogo em que o resultado pouco importava, senti falta do placar do Maracanã.

Não existe lógica para a ausência do placar no Maracanã. As histórias contadas pelo inigualável “Canal 100” não seriam as mesmas sem o placar, além de que muitos fotógrafos já o utilizaram como pano de fundo para produzir verdadeiras obras de arte. Mas agora, infelizmente, os locutores esportivos estarão mentindo quando gritarem “o placar do Maraca aponta....”.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - QUE VENHA O APITO INICIAL!

Grupo A
Brasil 2 x 0 México – Castelão, Fortaleza (CE)
Itália 4 x 3 Japão – Arena Pernambuco, Recife (PE)

Chutar para longe a fase de estudos e mostrar quem é o favorito o mais rápido possível. Este tem sido o ponto forte do Brasil na Copa das Confederações. Contra o Japão, um golaço de Neymar tirou o frio que uma estreia deixa na barriga antes mesmo do terceiro minuto de jogo. Agora, contra o México, o mesmo Neymar foi o autor de nova pintura, aos 8 minutos, que tornou um pouco menos encardido o embate contra um adversário que parece gostar de enfrentar a Amarelinha. E sobre este duelo diante dos mexicanos vale abrir um parêntese para falar do arrepiante momento do hino nacional, que foi um combustível daqueles de foguete para a Seleção Brasileira.

No raro momento em que pipocam país afora manifestações contra as mazelas não-naturais brasileiras, Juninho Pernambucano, um dos nossos poucos atletas que não possuem um discurso enlatado, sugeriu que os jogadores da Seleção, como forma de apoio aos protestos, cantassem o hino nacional de costas para a bandeira. Uma opinião forte, que gerou concordâncias e discordâncias. Pessoalmente, sou contrário à atitude, pois a nossa bandeira e nosso hino não deveriam pagar, mesmo que simbolicamente, pela desonestidade e incapacidade dos que no momento comandam o país. E os jogadores brasileiros não só não viraram as costas para o hino como, fortemente abraçados e emocionados, o cantaram com o apoio dos mais de 50 mil presentes ao Castelão. Cantaram como poucas vezes se viu em um campo de futebol.

A emoção abasteceu a Seleção de uma força que nenhuma preleção de treinador com vídeos motivacionais conseguiria. Ali, de Julio César a Neymar, os jogadores viveram na pele a Pátria de Chuteiras criada por Nelson Rodrigues. E pareciam querer eternizar o momento, pois a cada bola que saía pela lateral eles pediam o grito da galera. Foi neste cenário de êxtase que Neymar – como a camisa 10 lhe fez bem! – esculpiu mais uma obra de arte para abrir o placar que Jô fecharia nos acréscimos ao fazer o seu segundo gol nas Confederações – num total de apenas 23 minutos em campo.

Na Copa do Mundo de 1954, a mágica Hungria de Puskás, que seria vice-campeã, conseguiu a incrível marca de abrir 2 a 0 em todos os seus adversários antes de o relógio chegar ao minuto 20 da etapa inicial. E não o fizera por acaso, mas por acerto em uma estratégia física que envolvia um aquecimento forte e o ignorar da chamada fase de estudos. Na Seleção Brasileira desta Copa das Confederações, a estrutura responsável pela blitz nos minutos iniciais é a psicológica, e não a física. E para esta estratégia continuar sendo bem sucedida, o apoio das arquibancadas é imprescindível.

FUTEBOL OU TOURADA?


Feliz é aquele que esteve presente à Arena Pernambuco para o eletrizante confronto entre Japão e Itália. Os japoneses virtuosos na troca de passes e fulminantes na produção ofensiva. Os italianos, duros de matar e com uma concentração ímpar que os permitiu arquitetar a histórica vitória mesmo enquanto eram dominados completamente. Como se fosse uma tourada, o touro japonês atacou todo o tempo e, no fim, sofreu o golpe fatal do toureiro italiano. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

BIBLIOTECA DO FUTEBOLA - FOOTBALL AGAINST THE ENEMY

O hoje conceituado autor Simon Kuper deu o seu pontapé inicial no mundo da literatura esportiva com “Football Against the Enemy”, uma viagem ao mundo do futebol: do leste europeu à África à América à Grã-Bretanha. Uma viagem mesmo, pois para escrever o livro Kuper passou por 22 países em menos de um ano. A obra é um espelho do tradicional slogan futebolístico “mais que um jogo”. Qual seria o lugar do futebol no mundo e como este se relaciona com política, religião, economia? Estas são respostas que, mesmo não definitivamente, o leitor vai encontrar com sólidos argumentos em “Football Against the Enemy”.






















Football Against the Enemy
Autor: Simon Kuper
Editora: Orion 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - ILUMINADOS E ILUMINADORES

Dentro do seleto grupo de craques, existem aqueles, raros, que além de brindarem os torcedores com lances plasticamente encantadores e relevantemente decisivos, fazem os companheiros renderem melhor. O fim de semana de Copa das Confederações mostrou que Pirlo e Iniesta são assim. Gigantes da bola cuja luz própria ilumina o time como um todo.

Aos 34 anos, Pirlo parece jogar no modo “piloto automático”. Flutua pelos espaços vazios do campo com a naturalidade de quem sai do quarto e vai à cozinha para beber uma água. Em sua cabeça, as opções se tornam decisões em um estalar de dedos. Está na defesa para não permitir que os zagueiros rifem a bola – e, assim, eles, os zagueiros, parecem menos brutos e limitados. Quando na meiúca, Pirlo facilita a vida dos meio-campistas ao ser sempre a opção mais fácil. Sabem aquele famoso “toca pra quem sabe”? Pois então, Pirlo, “o que sabe” está sempre ali, a poucos metros, para ajudar o “que não sabe”. E se adentra o campo ofensivo, Pirlo tem uma capacidade sobrenatural de antever a movimentação dos avantes, o que quase sempre resulta em passes açucarados e “melhores momentos”.

Iniesta não volta tanto à defesa para ajudar a saída de bola quanto Pirlo o faz. Não volta porque não precisa, pois no estilo de jogar dos espanhóis a bola já sai redonda. E não fosse Iniesta em campo, a bola da Espanha ficaria “redondando” de um lado para o outro ainda mais tempo do que já fica. O pequenino camisa seis não só não erra passes como é o principal responsável por dar mais fúria à troca de bola “ad infinitum” de sua equipe. É ele, Iniesta, quem puxa o gatilho, quem vira a chave, quem faz a mágica acontecer. E sua importância está não somente em ser o espanhol com maior criatividade ofensiva, mas em saber, com precisão cirúrgica, a hora em que a retaguarda rival perdeu a paciência e deixou aquele espaço que não poderia.


 A vitória da Itália sobre o México rendeu a Pirlo, autor de um golaço de falta, o prêmio de melhor em campo. A da Espanha no Uruguai, premiou Iniesta. No entanto, mais do que comerem a bola, estes dois gênios fizeram seus companheiros jogarem um futebol mais refinado, se sentirem mais craques.

sábado, 15 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013 - ALIENANTE?

Brasil 3 x 0 Japão – Estádio Mané Garrincha, Brasília (DF)

Sem ser espetacular, o Brasil jogou bem, foi às redes com rara beleza – que golaço, Neymar! – e deu a impressão de que a nova “Família Scolari” deu um passo a mais na sua formação. Mas diante das sonoras vaias direcionadas pela torcida a Presidente Dilma Roussef – tão sonoras que o Presidente da FIFA, Joseph Blatter, chegou até a pedir respeito e “jogo limpo” – as análises técnicas, táticas, físicas e psicológicas do que ocorreu nos 90 minutos perderam espaço.

Uma vertente conhecida pelo termo reducionista classifica o futebol como somente um agente alienante. Segundo ela, basta que a pelota estufe o barbante para que o torcedor esqueça todas as mazelas que assolam o país e os governantes, que teriam controle sobre a “ferramenta de dominação” chamada futebol, ganhem carta-branca para dar sequência a uma estrutura social hierarquizada onde eles, os governantes, estão sempre próximos ao topo. O estrondoso apupo que ecoou pelo Estádio Mané Garrincha e acanhou Dilma a ponto de a fazer querer se livrar do microfone o mais rápido possível durante o discurso de abertura, mostra que reduzir o futebol somente a “ópio do povo” é uma atitude que precisa ser refletida.

Roberto DaMatta, uma palavra que merece ser ouvida quando o assunto é o papel social do futebol, clareou da maneira que lhe é peculiar a relação entre Seleção Brasileira e alienação. Há exatos 15 anos, o antropólogo se perguntava e se respondia: “Alienar como, se a imensa paixão é pelo Brasil? Como alienar, se a densidade do elo torcedor-Brasil se faz justamente pelo fato de o Brasil ser o que é: um país que só faz manchete internacional por suas vergonhas? [...] Fosse o país uma Suíça em tamanho grande, a paixão seria por outras coisas. Mas é o fato de o Brasil ser o que é e ter o que tem tido que desperta tudo isso”.


Minutos antes do apito inicial no Mané Garrincha, a torcida estava a imaginar o que viria pela frente. “O que estes japoneses podem aprontar?”, se perguntavam uns. “Eles já estão garantidos na Copa do Mundo”, lembravam outros. “Estreia é sempre perigoso”, alertavam. Isto não é alienação, é viver o momento. Como se vive um momento íntimo de casal, um filme no cinema ou um livro na varanda de casa. Aí, surge no telão, de microfone em punho, a Presidente do Brasil. Naquele momento, para a maioria dos presentes, ela representava as condições precárias de saúde, educação e transporte, o aumento no preço dos alimentos, a falta de segurança... Livres de um suposto ópio, os torcedores soltaram as vaias. Justamente no estádio que custou mais de 1,5 bilhão aos cofres públicos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

BATENDO BAFO - FLAMENGO CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987

Poucos são os times na história do nosso futebol que conseguiram mesclar experiência e juventude com tanta perfeição como o Flamengo Campeão Brasileiro de 1987. Entre os jovens com no máximo 23 anos, o Rubro-Negro contava com Jorginho, Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto. Os amigos viram alguma semelhança entre os cinco citados? Pois é, todos foram titulares da Seleção Brasileira Tetra Mundial de 1994 – Leonardo até ser expulso contra os EUA. Na turma dos mais velhinhos, Leandro, Andrade, Nunes e Zico traziam a experiência do esquadrão do início da década de 80, aquele que conquistou o Brasil três vezes, a América e o mundo. A estes craques consagrados e diamantes em processo de lapidação, soma-se ainda Renato Gaúcho, que terminaria o Brasileiro com a Bola de Ouro da Revista Placar, prêmio dado ao melhor jogador do torneio. Uma verdadeira Seleção em vermelho e preto!





quinta-feira, 13 de junho de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 2ª RODADA ADIADA – PORTUGUESA X FLUMINENSE







ARTILHARIA
3 Gols
Éderson (Atlético Paranaense)
Fernandão (Bahia)
Maxi Biancucchi (Vitória)

Portuguesa 2 x 1 Fluminense – Canindé, São Paulo (SP)

Apesar de mais um golaço de Rafael Sóbis, Fluminense perde para a Portuguesa no Canindé e deixa escapar a chance de “entrar de férias” na liderança do Brasileirão.

Para conquistar sua primeira vitória no campeonato e, consequentemente, fugir da zona de rebaixamento,  a Portuguesa foi organizada pelo Edson Pimenta no 4-3-2-1 com: Glédson; Luís Ricardo, Lima, Valdomiro e  Rogério; Bruninho, Corrêa e Matheus; Cañete e Souza; Diogo. Com um objetivo completamente oposto ao da Lusa, o Fluminense, na busca pela liderança, foi para o jogo esquematizado pelo Abel Braga no 4-3-3 com: Ricardo Berna; Bruno, Gum, Digão e Carlinhos; Edinho, Diguinho e Wágner; Rafael Sóbis, Biro Biro e Samuel.

Juntos, Lusa e Flu iniciaram o confronto com mais de dez desfalques, o que, sem dúvidas, tanto pelo nível técnico como pelo entrosamento, prejudicou a apresentação de ambos. Coletivamente, as tramas ofensivas não se desenvolveram de maneira refinada nem pelo lado rubro-verde nem pelo tricolor, e foi preciso que Souza e Rafael Sóbis acertassem dois chutes longos de raríssima precisão para que as redes fossem balançadas na etapa inicial. Souza o fez aos 22, após deixar Diguinho sentado na grama, enquanto aos 36, Sóbis, o melhor jogador do Flu neste 2013 corrente, cobrou uma falta com tamanha potência e efeito que merecia ser estuda por institutos de Física pelo mundo afora.

A maior posse de bola e a postura mais adiantada do Fluminense ficaram ainda mais visíveis após o intervalo, assim como os avanços do lateral-esquerdo Carlinhos. No entanto, a conquista do terreno adversário pelo Flu não representou muito trabalho para o goleiro Glédson – vide que Abel sacou Biro Biro e Wágner para as entradas de Eduardo e Denílson, na tentativa de ganhar mais poder de fogo. A Lusa, que já havia mostrado em bolas paradas alçadas na área que não estava morta, passou seu atestado de vida aos 37 minutos, quando o cada dia mais frágil sistema defensivo tricolor permitiu Rogério colocar a redonda na cabeça de Diogo, que, mesmo acossado por Digão, cabeceou para o fundo das redes. Dois a um que quase virou três, não tivesse um contra-ataque tão bem montado por Matheus e Souza sido desperdiçado por Diogo, já nos acréscimos.


Para que durante a pausa para a Copa das Confederações o brasileiro não se esqueça da imprevisibilidade de seu Campeonato Nacional, a Portuguesa, então lanterna e sem vitórias, superou o Fluminense, que ouviu o apito inicial como time de melhor aproveitamento do torneio. Quem conhece o Brasileirão não se surpreende. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - SÃO PAULO X GRÊMIO - 1981


São Paulo 0 x 1 Grêmio

Campeonato Brasileiro de 1981 – Segundo jogo da final

Morumbi, São Paulo (SP) – Público: 95.106

SÃO PAULO: Waldir Peres; Getúlio, Oscar, Darío Pereyra e Marinho Chagas; Élvio, Renato e Éverton (Assis); Paulo César, Serginho e Zé Sérgio. Técnico: Carlos Alberto Silva.

GRÊMIO: Leão; Paulo Roberto, Newmar, De León e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Tadei (Jurandir); Tarciso, Baltazar e Odair (Renato Sá). Técnico: Ênio Andrade.

Gols: Baltazar (Grêmio), aos 20’ do 2º tempo.


Para conquistar o primeiro título do Brasileirão de sua história, o Grêmio precisava empatar com o São Paulo no Morumbi, o que estava longe de ser uma missão fácil diante da verdadeira seleção que era o adversário – só para citar os que participaram de Copa do Mundo, o Sampa contava com Waldir Peres, Oscar, Darío Pereyra, Marinho Chagas, Renato “Pé Murcho”, Serginho Chulapa e Zé Sérgio. Mas o Tricolor Gaúcho, que vencera o jogo de ida por 2 a 1 de virada, dois gols do craque Paulo Isidoro, também tinha os seus trunfos. E não eram poucos. O goleirão Leão e o “Flecha Negra” Tarciso davam a experiência a um time que tinha o jovem lateral Paulo Roberto, o raçudo uruguaio Hugo De León, o dinâmico meia Vilson Tadei, o “Caçador de Invencibilidades” Renato Sá e o goleador Baltazar. E foi justamente o “Artilheiro de Deus” Baltazar quem marcou um golaço de fora da área, silenciou os quase 100 mil são-paulinos no Morumbi e decretou o Grêmio Campeão Brasileiro de 1981.

terça-feira, 11 de junho de 2013

AS INTERROGAÇÕES DE FELIPÃO

Curto e sem ser grosso: o Brasil entra na Copa das Confederações para ganhar. As cinco estrelas sobre o escudo nos credenciam a qualquer campeonato. Ser um dos favoritos, porém, não apaga o fato de que Felipão precisará montar o seu time ao longo da competição.

David Luiz ou Dante ou os dois? Luiz Gustavo ou Fernando ou os dois? Paulinho ou Hernanes ou os dois? Hulk ou Lucas? Oscar escuta o apito inicial do campo ou do banco? A cabeça de Felipão deve estar a mil, assim como a cabeça do torcedor que se preocupa com a Seleção e sabe da importância da Copa das Confederações. Dentre as dúvidas de Scolari, a menor é a escalação de David Luiz como volante ou zagueiro. O cabeludo do Chelsea jogou à frente da zaga apenas uns minutinhos contra a França, quando a vitória já estava decidida, e deve ser mesmo defensor. As interrogações na cuca do treinador estão, principalmente, no setor de meio-campo.

Sumido nas etapas iniciais diante da Inglaterra e da França, Paulinho se soltou quando teve Fernando e Hernanes ao seu lado – fez o gol de empate contra os ingleses e puxou o contra-golpe do segundo tento diante dos franceses. Falando em Hernanes, o camisa oito foi de grande eficiência ofensiva nos últimos dois amistosos: acertou um tijolo no travessão que Fred aproveitou o rebote para fazer 1 a 0 na Inglaterra e transformou em gol um belo contra-ataque diante da França. Em todos estes momentos de Paulinho e Hernanes que resultaram em bola na rede Oscar não estava em campo. Logo o Oscar, que talvez tenha sido o melhor jogador brasileiro somando-se os dois amistosos recentes.

Com certeza a decisão de Felipão por seu meio-campo ideal só virá com o caminhar da Copa das Confederações. Assim como quem será o titular dentre Hulk e Lucas. Hulk consegue mesclar intensidade, força e luta com bom futebol. É boa opção pelos flancos, mas a torcida brasileira gosta mesmo é do Lucas, que tem correspondido quando entra: dos cinco gols canarinhos contra Inglaterra e França, participou diretamente de três. Lucas não parece mais estar naquele grupo dos jogadores reservas que podem entrar para colocar fogo no jogo. É titular absoluto do estrelado PSG e está louco para ser também da Seleção.

Hoje, às vésperas da Copa das Confederações, Felipão ainda não tem seu time pronto. Pelo contrário, está longe disso. Mas, pelo menos, tem as opções para buscar a melhor formação. E terá que fazê-lo durante uma competição que vale muito, e que a história e a torcida da Seleção não a permitem encarar como laboratório.


sábado, 8 de junho de 2013

ELÓIGICO E SUAS LÓGICAS














Elóigico é um fanático torcedor do São Sebastião Futebol Clube que sempre coloca a paixão à frente da razão – como quase todos os torcedores, né? E quem fica perdida com tanto fanatismo de Elóigico é sua filha, Edinha, que mora junto com seu pai em uma simples casinha que vive futebol 24 horas por dia.

Desenho de Paulo Sales e roteiro de Diano Massarani

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A QUEDA

Nem Parreira, nem Mano Menezes, nem Felipão. Dos últimos treinadores que tiveram a nada fácil missão de comandar a Seleção Brasileira, ninguém foi mais criticado do que Dunga. Por torcedores-não-jornalistas e torcedores-jornalistas, afinal, todo mundo é torcedor no Brasil. E uma maneira corriqueira de espetar o Dunga era dizer que a Seleção Brasileira vencedora das Copas América e das Confederações e invicta contra adversários Campeões do Mundo era montada pelo auxiliar Jorginho, e que ele, Dunga, se colocava apenas como um motivador. Bem, após esta recente passagem de Jorginho pelo Flamengo, pode-se dizer que esta hipótese foi por água abaixo.

E a grande diferença entre Dunga e Jorginho, que acabou se refletindo nos trabalhos do ex-volante, na Seleção, e do ex-lateral, no Flamengo, é a convicção para tomar decisões. Um dos exemplos da convicção de Dunga nas suas escolhas foi a convocação para a Copa do Mundo de 2010 de Doni, Kléberson, Grafite e Júlio Baptista, nomes que não se encontravam em um momento tecnicamente positivo, mas tinham sua confiança. Dunga era tão convicto – tão convicto! – de suas escolhas, que a falta de maleabilidade talvez tenha sido seu grande equívoco.

Jorginho, por sua vez, se mostrou um técnico de convicções descartáveis. Se não, vejamos. Na quarta rodada da Taça Rio, quando o Flamengo tinha um único e pífio ponto em três jogos, Jorginho decidiu barrar o centroavante Hernane. Começou o jogo com Nixon e, antes do intervalo, já sacara o garoto para a volta do então artilheiro do torneio. Atitudes semelhantes repetiram-se em sequência. Às vésperas do Brasileirão, o técnico afirmou que daria um voto de confiança ao mesmo Hernane e o escalou como titular. A confiança, porém, durou apenas 45 minutos, e, para o segundo tempo do jogo contra o Santos, Marcelo Moreno já fazia sua estreia.


Diante do Atlético Paranaense, Renato Abreu e Rafinha, sempre presentes no onze inicial rubro-negro, foram barrados. No jogo seguinte, contra o Náutico, voltaram a ser titulares. Definitivamente, convicção é algo que o Jorginho não demonstrou em sua passagem pelo Flamengo. E com sua queda, cai junto a sua supervalorizada importância na Seleção Brasileira da Era Treinador Dunga. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 - 4ª RODADA – VASCO X ATLÉTICO MINEIRO

Vasco 2 x 0 Atlético Mineiro – Estádio da Cidadania, Volta Redonda (RJ)

Em noite de brilho de seu goleiro Michel Alves, Vasco passa pelo remendado Atlético Mineiro e diminui a pressão na Colina.

Para se recuperar das duas derrotas seguidas, o Vasco contava com o retorno de Carlos Alberto, após quase dois meses longe dos gramados, e foi organizado pelo Paulo Autuori no 4-3-2-1 com: Michel Alves; Elsinho, Luan, Renato Silva e Nei; Sandro Silva, Pedro Ken e Wendel; Carlos Alberto e Alisson; Edmílson. Com ausências do mais alto nível – Réver, Bernard, Diego Tardelli e Ronaldinho Gaúcho – o Atlético Mineiro foi montado pelo Cuca no 3-5-2 com: Victor; Gilberto Silva, Leonardo Silva e Richarlyson; Marcos Rocha, Leandro Donizete, Pierre, Josué e Luan; Guilherme e Jô.

Na teoria, o Vasco apostaria dupla Carlos Alberto/Alisson atrás do centroavante Edmilson, enquanto o Atlético Mineiro estava armado para avançar pelos flancos, com Marcos Rocha, pela direita, e Luan, pela esquerda. Na prática, porém, a primeira etapa foi mais brigada que jogada. Cruz-maltinos e atleticanos lutaram bastante pela bola e com a bola. Em outras palavras, dentre as estruturas fundamentais para um bom desempenho – técnica, tática, psicológica e física –, foi na técnica que ambos os times mais deixaram a desejar. Mas como as defesas também estavam dormidas, os goleiros tiveram que trabalhar. Nos primeiros minutos, Carlos Alberto cabeceou uma bola que Victor salvou no reflexo e arrematou outra que passou pertinho do poste. Depois, foi Michel Alves quem garantiu o zero no placar com três difíceis defesas.

Apesar de Cuca substituir Guilherme por Alecsandro, o jogo voltou no mesmo ritmo: com mais disposição que inspiração e boas defesas de Victor e Michel Alves – que evitou gol quase certo do Alecsandro e, a esta altura, já se colocava como o melhor homem em campo. Aos 17, Autuori trocou Carlos Alberto e Edmílson por Dakson e Tenório. A partir daí, o Vasco viveu seu melhor momento no jogo, com os volantes Pedro Ken e Wendel mais presentes no campo de ataque. O gol, que não veio em cabeçada do Dakson e novo voo do arqueiro Victor, chegou aos 23 minutos, na jogada mais refinada da partida: Alisson tabelou com Wendel e guardou a criança no berço. Na base do bumba-meu-boi, o Atlético partiu em busca do empate, que quase chegou no apagar das luzes, com Alecsandro e Luan, mas lá estava Michel Alves para guardar a meta cruz-maltina.


Já nos acréscimos, a postura para contra-atacar adotada pelo Vasco após o um a zero deu resultado quando Elsinho encontrou Abuda, que fechou o caixão mineiro. Uma vitória importante para deixar São Januário mais calmo durante a pausa para a Copa das Confederações. Quanto ao Atlético Mineiro, o fato de estar vivo na Libertadores não justifica uma campanha de um ponto em três jogos. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - ATLÉTICO MINEIRO X VASCO - 2005


Atlético Mineiro 0 x 0 Vasco

Campeonato Brasileiro de 2005 – 41ª rodada

Estádio Mineirão, Belo Horizonte (MG)

27 de novembro de 2005

ATLÉTICO MINEIRO: Bruno; Cáceres, Lima e Thiago Junio; Rodrigo Dias, Alicio, Rafael Miranda, Tchô (Rodrigo Silva) (Euller) e Rubens Cardoso; Renato e Pablito (Quirino). Técnico: Lori Sandri

VASCO: Roberto; Wagner Diniz (Claudemir), Éder, Luciano e Diego; Ygor (Têti), Amaral, Abedi e Morais; Róbson Luiz (Rubens) e Romário. Técnico: Renato Gaúcho


A 41ª e penúltima rodada do Brasileirão de 2005 ficará para sempre como aquela em que o Vasco jogou a última pá de cal no Atlético Mineiro. O Alvinegro de Belo Horizonte vinha de duas vitórias seguidas e contava com o apoio de sua torcida para seguir vivo na sempre indigesta luta contra a degola. O Mineirão estava lotado de esperança, mas faltava ao Galo os craques dos seus melhores tempos. Na verdade, apesar de ter Romário no seu comando de ataque, o Vasco também estava longe de encantar. Pela obrigação dos três pontos, o Atlético se fez mais presente no campo ofensivo desde o início da partida, mas as melhores oportunidades vieram apenas após o intervalo: Renato, impedido, marcou pelo Galo em lance corretamente anulado pela arbitragem, enquanto Romário bateu pênalti no canto direito de Bruno, que voou para defender. O “Baixinho”, aos 39 anos, terminaria o torneio com 22 gols e a marca de jogador mais velho a alcançar a artilharia do Brasileiro. Com o passar do tempo, o jogo ficou mais aberto e ambos criaram chances para chegar à vitória, mas o apito final veio para decretar o placar mudo e o rebaixamento atleticano. O zero a zero foi ruim para o clube de São Januário, que não conseguiria a vaga para a Copa Sul-Americana de 2006, contudo não existe dúvida de que, no dia 27 de novembro de 2005, a dor do torcedor alvinegro de Minas foi bem maior.

domingo, 2 de junho de 2013

AMISTOSO INTERNACIONAL 2013 - BRASIL X INGLATERRA

Brasil 2 x 2 Inglaterra – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Se ainda não foi desta vez que o Brasil voltou a vencer um Campeão do Mundo – feito que não consegue, com a Seleção principal, desde a saída de Dunga do comando técnico – pelo menos apresentou, durante uma hora, um futebol de gente grande.

No penúltimo amistoso antes da Copa das Confederações, Felipão organizou a Seleção Brasileira no 4-2-3-1 com: Júlio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Filipe Luís; Luiz Gustavo e Paulinho; Oscar, Neymar e Hulk; Fred. Segunda colocada no grupo H das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo, a Inglaterra foi esquematizada pelo treinador Roy Hodgson no 4-3-3 com: Hart; Johnson, Jagielka, Cahill e Baines; Carrick, Jones e Lampard; Walcott, Milner e Rooney.

Peguem o período entre o apito inicial e o gol de Fred, o primeiro oficial do novo Maracanã, aos 11 minutos do segundo tempo. Durante esta quase hora inteira, o Brasil jogou um futebol como há muito tempo não se via. Em termos ofensivos, a Seleção foi agressiva, dominante, profunda e, minuto após minuto, fez a galera soltar aquele “uhhhhhh” característico do quase-gol. Ora com as bolas longas de Thiago Silva e David Luiz – jogadas que, se não forem confundidas com chutões sem direção, são extremamente eficientes –, ora com passes curtos e dribles nos arredores da área inglesa, o Brasil tomou conta do jogo e do quadro de “melhores momentos” do intervalo televisivo, já que a Inglaterra, mesmo com três atacantes, testou as luvas do Júlio Cesar apenas uma vez.

De maneira surpreendente até para o mais visionário dos astrólogos, Felipão voltou para a etapa final com Marcelo e Hernanes nos lugares de Filipe Luís e Luiz Gustavo, ou seja, sacou os dois únicos jogadores de linha que não haviam produzido ofensivamente. O resultado veio num tijolo de Hernanes que explodiu no travessão e sobrou livre para Fred “pegar” a Inglaterra: um a zero. Daí em diante, o Brasil, numa mescla de relaxamento psicológico após um gol conseguido e cautela para garantir uma vitória importante, deixou os ingleses colocarem as manguinhas de fora e pagou o pato: Chamberlain e Rooney, em dois golaços, viraram o placar. Aos 37, já sem apresentar o ímpeto ofensivo que o fizera engolir a Inglaterra por 60 minutos, o Brasil conseguiu o empate em jogadaça de Lucas e golaço de Paulinho. Empate que se não foi o melhor dos resultados, também não foi o pior.


Por causa da primeira hora do embate, pode-se dizer, sem dúvidas, que esta foi a melhor atuação após o retorno de Felipão, e que, com este futebol, a Seleção tem tudo e mais um pouco para passar sem desespero pela difícil fase de grupos da Copa das Confederações. 

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 - 3ª RODADA - BOTAFOGO X CRUZEIRO

Botafogo 2 x 1 Cruzeiro – Estádio da Cidadania, Volta Redonda (RJ)

Lodeiro marca duas vezes e Fogão consegue grande vitória sobre o Cruzeiro. Triunfo é o nono do Glorioso em nove jogos disputados em Volta Redonda neste ano de 2013.

Sem poder contar com o goleiro Jefferson e o garoto Dória, ambos servindo a Seleção Brasileira, sendo o zagueiro na categoria sub-20, além do contundido Fellype Gabriel, o Botafogo foi esquematizado pelo Oswaldo Oliveira no 4-2-3-1 com: Renan; Lucas, Bolívar, Antônio Carlos e Julio Cesar; Gabriel e Marcelo Mattos; Lodeiro, Seedorf e Vitinho; Rafael Marques. A formação 4-2-3-1 também foi a escolhida pelo Marcelo Oliveira, que, com o desfalque do atacante Borges, escalou o Cruzeiro com: Fábio; Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo e Egídio; Leandro Guerreiro e Nilton; Dagoberto, Diego Souza e Éverton Ribeiro; Anselmo Ramón.

Na molecagem de Vitinho, o Botafogo largou na frente do placar aos 6 minutos: o menino arrancou pela esquerda como uma bala, finalizou e, no rebote, Lodeiro colocou a criança no berço. O mesmo Vitinho ainda obrigaria Fábio a realizar boa defesa, mas o fogo do Bota na etapa inicial acabaria por aí. De maneira irreconhecível, para quem vem jogando um futebol tão redondo em 2013, o Alvinegro passou a exagerar nas bolas rifadas, e o Cruzeiro, pouco a pouco, começou a aproveitar a maior posse de bola. Perdeu duas chances à queima roupa em um mesmo lance com o Anselmo Ramón, que, em seguida – vejam como é a vida de centroavante – empatou em arremate que bateu na trave e nas costas do goleiro Renan antes de entrar. Bem postado e distribuído no campo de ataque, a Raposa por pouco não foi para o intervalo com uma vitória parcial através de Éverton Ribeiro e Dagoberto.

O Cruzeiro não só terminou melhor o primeiro tempo como voltou superior após o intervalo. Em menos de 10 minutos, Éverton Ribeiro, Diego Souza e Dagoberto deixaram a retaguarda alvinegra de pernas para o ar e estiveram a um triz de virar o escore. Mas aí – coisas do futebol – o Fogão foi lá e pimba. Lucas adentrou a área, foi atingido por uma bicicleta imprudente do volante Nilton e Lodeiro converteu o pênalti. O gol fez um bem enorme ao Bota, que viveu seu melhor momento ofensivo na partida. Em ordem cronológica, Gabriel mandou um tijolaço de fora da área, Vitinho quase deixou o seu em linda jogada individual e Júlio César acertou a trave depois de bela assistência de Rafael Marques.


Não faltou oportunidade para o Botafogo chegar ao terceiro gol e mandar a vaca azul para o brejo, porém, como não o fez, o Cruzeiro criou forças e partiu em busca do empate. Chegou a acertar o poste com o Luan e exercer uma pequena pressão nos minutos finais, até que o apito final chegou para decretar a vitória alvinegra. Vitória maiúscula, diga-se de passagem, pois tanto o Botafogo como o Cruzeiro possuem condições de chegar à reta final do torneio sonhando alto.

sábado, 1 de junho de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - BOTAFOGO X CRUZEIRO - 1995

Botafogo 0 x 0 Cruzeiro

Campeonato Brasileiro de 1995 – Semifinal – Jogo de volta

10 de dezembro de 1995

Estádio Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

BOTAFOGO: Wagner; Wilson Goiano, Gonçalves (Grotto), Gottardo e André Silva (Iranildo); Leandro Ávila, Jamir, Beto (Moisés) e Sérgio Manoel; Donizete e Túlio. Técnico: Paulo Autuori

CRUZEIRO: Dida; Paulo Roberto, Vanderci, Gélson Baresi e Nonato; Beletti (Luís Fernando), Alberto (Serginho) e Fabinho; Paulinho McLaren, Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos (Dinei). Técnico: Jair Pereira

Às vésperas do segundo jogo da semifinal do Brasileirão de 1995, Botafogo e Cruzeiro deixaram os apostadores da loteria esportiva com a cabeça a mil diante de tamanho equilíbrio. Se o Azul Mineiro realizara a melhor campanha da primeira fase, o Alvinegro Carioca não fizera por menos e terminara a segunda fase como o primeiro classificado. Cravar um favorito era impossível, mas havia uma certeza geral de que não faltariam gols, afinal as duplas de ataque botafoguense e cruzeirense eram sinônimos de bola na rede. No Fogão, Túlio Maravilha e Donizete terminariam o torneio com 29 dos 46 gols alvinegros, enquanto na Raposa, Marcelo Ramos e Paulinho McLaren seriam donos de 26 dos 41 tentos azuis ao fim do campeonato. Após o 1 a 1 no jogo de ida, no Mineirão, o Botafogo, por ter melhor campanha, jogava por nova igualdade para avançar à decisão. Vantagem que, no entanto, não impediu o goleiro cruzeirense Dida de levar três bolas na trave. O Cruzeiro também acertou o poste uma vez e levou perigo à meta defendida pelo alvinegro Wagner. Chances para lá, chances para cá, mas, no final, o zero não saiu do placar. Coisas do futebol. Dois dos melhores ataques do país em campo e nada de grito de gol. Melhor para o Botafogo, que se classificou para a final, e, logo na semana seguinte, levantou o caneco do Brasileiro de 1995 ao superar o Santos.